Aquela da Morte para Crianças
Diário de bordo de Jowfish
Terça-feira, 05 de outubro de 2010.
Era um lugar bem interessante: uma trilha formada de pedrinhas que criavam uma espécie de passarela... Que seguia até onde as lunetas alcançavam.
Paramos ali na encosta, mas não pudemos descer do navio.
Um homem misterioso surgiu, dizendo se chamar André Vianco, e nos alertou que aquele era que aquele era “O Caminho do Poço das Lágrimas” e que não podíamos traçá-lo... Ainda.
Explicou que o caminho fora criado por ele, mas teve a arquitetura e desenhos de um amigo chamado Lese Pierre.
Feliz, André nos apontou um trio que caminhava pelo caminho: Um homem, uma garota e um garoto.
Vianco contou, também, o porquê dele ter feito tal caminho:
“Eu tenho filhos, sabe? Mas, infelizmente, não somos imortais, então um parente nosso morreu. Com a passagem dele, tentei explicar para minhas filhas o que aconteceu, fazendo com que a morte não seja encarada como uma vilã, mas como algo natural ao qual todos estamos submetidos.”
Lindo.
Com uma explicação dessas, comecei a imaginar uma caveira com foice, olhos vermelhos, capa negra...
“Esqueça”, disse ele.
Então comecei a pensar em batalhas com guerreiros, vampiros, lobisomens...
“Esqueça!”
Então o quê?!
“Nesse caminho, a pessoa passa por várias provações. Muitas delas o deixarão com medo, outras lhe farão chorar, mas todas deixarão uma reflexão para que você pense nos mistérios.”
Tudo bem. Não foi exatamente isso que ele disso. Não foi exatamente dessa forma. Ele deixou palavras um tanto difíceis, que dificilmente uma criança (como imaginei serem as filhas do rapaz) entenderia na primeira vasculhada, espalhadas pelo discurso.
Mas... Agora que parei pra pensar nisso... Talvez essa seja uma forma de manter o clima de suspense e a nebulosidade que a morte nos trás.
Devo confessar que o trabalho feito por Pierre ficou impecavelmente admirável.
Com a arquitetura realizada, Lese Pierre deixou alguns detalhes que podem mudar completamente o sentido das coisas. Como pontos luminosos nos troncos das árvores, deixando a questão se podem ser olhos ou não.
Sem dúvida, uma obra grandiosa de artistas grandiosos.
Hmm... O tema do livro me parece mesmo interessante. A morte é um assunto que, por mais que haja consenso, é muito particular... A forma como se lida com ela é sempre singular e, na formação dessa singularidade, poder trabalhar as dificuldades encontradas no assunto, poder ter essa referência de reflexão, é algo muito positivo.
Aliás, adorei a ilustração (que me remete à fenomenologia - pronunciar a palavra não rola, mas escrever eu consigo!).
Laroca... Pra você, tudo é fenomenológico aasiuhasuhiuashiuaihsuhaush... Até começo a pensar que sou parte disso... auishuahsiuahs
Acho a reflexão válida. Não somos preparados para as nossas perdas.