Aquela do Além-Túnel
Diário de Bordo de Jowfish.
Terça-feira, 21 de setembro de 2010.
Após ouvir a história em Hollywood, estávamos prontos para partir de Filmacon, mas algo estava errado quando passamos por Focusfilmes. Toda a Tripulação podia sentir...
Na verdade, essa sensação se passava na divisa de Focusfilmes e Laikafilms.
É óbvio que fomos ver o que era.
Chegamos, então ao “Pink Palace” (Palácio Rosa), onde os ossos do velho capitão rangiam de desconfiança... Alguma coisa definitivamente não cheirava bem (e não era a comida).
Lá, encontramos uma garota chamada Coraline, o que fez arrepiar até o pelo do ego desse jovem capitão.
“Coraline” é, originalmente, uma novela do autor britânico Neil Gaiman, publicada em 2002 pela Bloomsbury, no Reino Unido, e, no Brasil, pela Rocco. Ganhou, em 2009, seu espaço nas telas do cinema e dos vídeo-games.
A animação em stop-motion teve a direção de Henry Selick e chegou a faturar mais de 16 milhões de dólares só no fim-de-semana de estreia.
O filme trabalha muito bem a famosa questão “a grama do vizinho é sempre mais verde” nos mostrando uma jovem (Coraline) entediada com sua vida e família. Tudo para ela é extremamente chato: as janelas, os desenhos nelas, os quadros. Nem mesmo seus vizinhos a fazem se divertir. Eis que Wybie a presenteia com uma boneca igual à garota.
Numa dialogia à “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, a garota precisa passar por um túnel para chegar ao outro mundo, com seus “outros pais”.
Ali, tudo é perfeito. Os pais são legais, os vizinhos são divertidos e a vida é doce. Porém, com o tempo e um pouco mais de atenção, logo os defeitos começaram a aparecer: a “outra mãe” queria que Coraline ficasse ali para sempre. Ao ter seu pedido negado, ela a trancafia em um espelho, onde encontra três espíritos que mostram a verdadeira intenção da outra mãe.
Os traços e ambientes sombrios e, por vezes, até incômodos, faz lembrar outro diretor com essa linha... Tim Burton.
Com verdadeira genialidade, o filme nos passa a lição de que, mesmo que algo pareça estupidamente perfeito, sempre há defeitos. O melhor carro, a melhor casa, certamente atrairá mais, e talvez melhores, criminosos; aquela família que está sempre feliz também sofre seus problemas pessoais.
Bem... Voltando à realidade, é claro que era só coincidência!
Mas aquele arrepio no ego não é um chamado qualquer, então dei uma pequena dica à garota:
“Temos de aprender a aproveitar ao máximo o que temos, sem perder tempo querendo o dos outros. Devemos criar e VIVER nossas próprias, sem buscar reflexo nos ‘outros’.”
Afinal, um livro não pode ser real...
Gostei da dica, capitão!